O Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês (ABSG), fundado no dia 24 de julho de 2019, foi criado através de protocolo entre o Estado e as Federações Florestais Nacionais tendo em vista o apoio aos territórios comunitários – baldios – da Serra do Gerês. Nesse sentido, o Agrupamento é associado da BALADI – Federação Nacional dos Baldios.
O âmbito do nosso trabalho passa pelo desenvolvimento de diversas ações com o principal objetivo de incutir os princípios de boas práticas ambientais, sociais e económicas nas comunidades locais. As três principais diretrizes de ação são:
O ABSG conta com oito associados comunitários parcial ou integralmente localizados em Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG) distribuídos por dois concelhos e dois distritos, nomeadamente Rio Caldo, Campo do Gerês, Vilar da Veiga e Ermida no concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga e Fafião, Pincães, Cabril e Lapela no concelho de Montalegre, distrito de Vila Real.
A área associada total representa 13 500 ha em Parque Nacional, sendo que as comunidades locais encontram-se localizadas em regime florestal no PNPG, em Rede Natura 2000 (PTCON0001 Peneda/Gerês) e em Zona de Proteção Especial (PTZPE0002 Serra do Gerês) e, na Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xures, declarada pela UNESCO em 2009.
Estas áreas caracterizam-se por três principais ocupações do solo: floresta, matos e pastagem.
A presença de grandes manchas de floresta autóctone na área agrupada, principalmente de carvalhal, sobreiral, medronhal e, ainda, de pinhal têm grande importância para a manutenção da biodiversidade e para o fornecimento de serviços de ecossistemas imprescindíveis, sendo a principal função das mesmas a conservação. No Agrupamento é possível encontrar alguns dos carvalhais (Carvalho-alvarinho e Carvalho-negral) mais importantes do país e, muito provavelmente, a maior mancha contínua de sobreiral do PNPG.
Os matos baixos secos são representados pelos urzais e carqueja. Os matos de altitude, menos frequentes, são compostos por giestais e piornais.
Adicionalmente, estes habitats possuem espécies como o lírio-do-gerês, a timeleia, a tulipa-brava, a arméria, o alho-bravo e o narciso-bravo.
Os ecossistemas presentes nas áreas comunitárias do Agrupamento albergam inúmeras espécies de fauna e flora com elevado valor ecológico.
Podemos destacar emblemáticas espécies de mamíferos como o lobo-ibérico, o corço (sendo esta espécie emblema do PNPG) e a cabra-montês. Associadas às
linhas de água, é possível encontrar determinadas espécies de anfíbios como a rã-ibérica, salamandra-lusitânica e o tritão-de-ventre-laranja. Relativamente aos répteis, destacam-se a víbora-cornuda e a víbora de seoane.
A avifauna é um dos grupos com mais espécies, apesar da sua diversidade depender da época do ano e variar pelo território. Com particular importância de conservação, ocorrem a águia-real, o falcão-peregrino, o bufo-real, a gralha-de-bico-vermelho, o tartaranhão-cinzento, a perdiz-vermelha, entre outros.
As áreas comunitárias (baldios) do ABSG são tradicionalmente usadas como suporte aos pastoreio de montanha pelos seus compartes e, entre maio e outubro de cada ano, as paisagens são marcadas por gado a apascentar, na sua maioria cabeças de gado bovino, caprino e equídeo.
Nos territórios de montanha, a pastagem alberga naturalmente a pedregosidade característica destas áreas, sendo suportada por um tipo de vegetação que pode variar de local para local. Nestas condições emergem as vezeiras como forma conjunta de maneio de gado em alta montanha.