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Pedro Casinhas

Sócio-gerente da Keen Tours, empresa especializada no território do Parque Nacional Peneda-Gerês com oferta dedicada à Geodiversidade da região, que integra conteúdos acerca dos mesmos nas restantes actividades e que se envolve na defesa e protecção da mesma – de que a luta contra a prospecção mineira no território que englobava o vale glaciar do Alto Vez é exemplo.
Licenciado em Geografia, variante de Geografia Física e Ordenamento do Território, pela Universidade de Lisboa e pós-graduado em Património Geológico e Geoconservação, pela Universidade do Minho.
Trabalhou em Avaliação de Impacto Ambiental, em Cartografia e Sistemas de Informação Cartográfica, entre outros e antes de rumar ao turismo de natureza.
É membro do Conselho directivo de ASPA – Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural, sócio e membro activo de várias associações e eleito na Assembleia Municipal de Braga.

Sinopse da comunicação

Partindo de uma observação de Roger Brunet, elaborada por Carlos Alberto Medeiros, poder-se-á dizer que os empresários turísticos “inventam todos os dias paisagens novas” ao porem em evidência os traços mais aliciantes que, com os tempos e os objectivos, vão mudando.
Como afirma George Bertrand, a paisagem não é um simples somatório de elementos dispersos mas o resultado de um confronto dinâmico e dialético dos elementos físicos (podemos substituir por geodiversidade na definição de Murray Gray), biológicos (biodiversidade) e antropológicos, fazendo de cada parcela do espaço um conjunto único e em perpétua evolução, e que, enquanto interpretação social, não pode ser analisada de forma separada do contexto do observador.
Assim, num território como o do Gerês, onde a geodiversidade assume um peso marcante na paisagem, onde encerra um elevado valor patrimonial e com um conjunto, cada vez maior, dos observadores (v isitantes) mais qualificado e mais exigente, é incontornável o conhecimento da geodiversidade do territónio, enquanto traço mais aliciante, na invenção quotidiana de novas paisagens.
O empresário turístico confronta-se permanentemente com visitantes oriundos de diferentes geografias, contextos económicos e sociais, valores morais e qualificações, portanto o conhecimento da geodiversidade fornece uma elasticidade que permite responder a diferentes procuras. A transformação dos valores estético, cultural e científico da geodiversidade em valor económico, em particular pela venda de serviços e não de produtos, faz-se debruçando a nossa atenção inteiramente sobre ela, desenvolvendo produtos específicos, ou salientando permanentemente o seu papel na génese da paisagem percepcionada em produtos mais generalistas, mas não menos exigentes.
Por último, importa salientar ideia de valor potencial da geodiversidade na perspectiva de quem gera rendimento pela prestação de serviços turísticos. Retomando a ideia de Brunet, para o empresário, enquanto inventor de paisagens, a geodiversidade e, por consequência, o território possuem elementos, muitos dos quais vulneráveis e não renováveis a uma escala temporal humana, com o potencial de serem os traços mais aliciantes do futuro, que por isso importa cuidar e proteger.