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Moirika Reker

Interessa-se, entre outras coisas, pela paisagem, jardins, cidade e espaço público.
Trabalha estes temas em filosofia, dedicando-se à estética e filosofia da natureza.
Doutorou-se com uma tese sobre a Filosofia do jardim na obra do Rosario Assunto (1915-1994).
Paralelamente, é artista plástica, ora a solo ora em parceria, trabalhando em desenho, vídeo e instalação.
É membro integrado do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

Sinopse da comunicação

A paisagem, não sendo bidimensional ou uma imagem disposta à nossa frente, mas uma realidade que nos envolve e chama para si, pressupõe uma atenção particular ao que nos rodeia quando a experienciamos. Por sua vez, a experiência de nela caminhar requer um desdobrar dessa atenção pela entrada em jogo do movimento, que nos aproxima ou afasta dos diversos elementos que integram a paisagem, exigindo um constante ajuste de quem contempla face ao contemplado. Aquilo que reclama a nossa atenção muda com a mudança do lugar onde nos encontramos: a cada instante novas árvores, flores, rochas, sons, cores, cheiros introduzem novos elementos perceptivos e participam da experiência contemplativa. Ao caminhar, o ser que se move convoca também ele uma parte da atenção, para a adequação da nossa marcha ao piso, ao clima e a tudo o mais que o estar naquele lugar em movimento demanda ao nosso corpo, fazendo-nos tomar consciência da fisicalidade da experiência perceptiva, parte integrante da experiência contemplativa, e do eu que contempla. Este desdobramento da atenção revela-se como uma abertura ao encontro com a alteridade (seja animal, seja a própria paisagem que se constitui como um outro, um tu que nos interpela) bem como ao encontro connosco mesmos.
Nesta paisagem em particular, protegida desde há 50 anos, que outros encontramos, qual o tu que me interpela?