Maria do Rosário Costa é Geóloga pela Universidade do Porto e docente do departamento de Geologia da UTAD desde 1987. Doutorada em Hidrogeologia das rochas fraturadas da Terra Quente Transmontana, tem desenvolvido trabalho de investigação no domínio dos processos de interação água-rocha em antigas zonas mineiras contaminadas por Arsénio e estuda o efeito dos incêndios florestais na qualidade da água superficial e subterrânea, a curto e a longo prazo.
Sinopse da comunicação
A água é um recurso natural determinante no desenvolvimento e bem-estar dos povos. A distribuição da água no planeta depende de vários fatores (nomeadamente da latitude, altitude, proximidade ao litoral), que explicam porque é na Serra do Gerês que mais chove em Portugal. A presença de água superficial é fácil de observar na região – nos ribeiros, nos rios, nas albufeiras -, mas já a água subterrânea é invisível, exceto quando vemos nascentes que brotam do meio das rochas, ou vemos água a sair de um furo artesiano. Mas existem nos granitos do Gerês águas subterrâneas, que a partir da infiltração da água da chuva e da neve, formam aquíferos mais ou menos profundos, com tempo de circulação mais ou menos longo, e que originam águas minerais frias e quentes, com composições químicas muito variadas.
Os armazéns destas águas são os Granitos! Rochas ígneas, formadas por arrefecimento de um magma em profundidade e que se encontram, depois de muitas vicissitudes, expostas à superfície e sujeitas à ação dos agentes de meteorização externa (a água da chuva, os gases da atmosfera, as variações de temperatura, as raízes das árvores, …). O resultado da alteração das rochas, em conjunto com a deformação mecânica que sofreram ao longo da história da Terra – fraturas, falhas -, dá-lhes a capacidade de permitirem a infiltração e circulação da água em profundidade e a formação de aquíferos.
Grande parte das falhas e das grandes fraturas, podem ser observadas indiretamente pelo traçado dos principais cursos de água, que aproveitaram as zonas de fraqueza das rochas para estabelecer o seu percurso e definir um padrão de drenagem caraterístico.
