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José Brilha

É geólogo e professor da Universidade do Minho.
Durante os últimos 20 anos dedica-se ao ensino, investigação e promoção da conservação da natureza, em particular no que se refere aos seus elementos geológicos, em áreas protegidas, geoparques e sítios de património mundial. .

Sinopse da comunicação

É habitual referirmo-nos ao PNPG como sendo uma área granítica. Sem dúvida que o é, mas existe muito mais geodiversidade nesta área protegida.

Em termos de rochas, estamos realmente no reino das rochas graníticas! Mas atenção, nem todos os granitos são iguais e, no PNPG, existem 12 tipos diferentes de granito. Ocorrem também rochas metamórficas, as rochas mais antigas do parque, com cerca de 430 milhões de anos, cujas origens remontam a sedimentos que se depositaram em fundos marinhos quando este território estava perto do pólo sul! Dos vários tipos de sedimentos, como os fluviais e os de vertente, temos de destacar aqueles que foram transportados pelos glaciares há cerca de 18 mil anos.

Para além dos minerais que formam estas rochas, existem mais de 30 minerais, alguns com interesse gemológico e, por isso, alvo do interesse de colecionadores e vendedores. Também não podemos esquecer a água termal do Gerês e os solos, desde as turfeiras de montanha àqueles que permitem o aproveitamento agrícola. E, claro, as formas de relevo, tão significativas enquanto atrativo turístico do PNPG. Há zonas no PNPG onde blocos de granito parecem ter sido empilhados uns sobre os outros e outras áreas onde nem um bloco se vislumbra, apesar de ambas serem zonas graníticas. Há vales encaixados e com vertentes abruptas, e há outros, mais abertos e retilíneos, aproveitando fraturas e falhas geológicas. E, já que falamos em falhas, não esqueçamos os processos ativos que também fazem parte da geodiversidade, como os sismos que ocorrem em algumas destas falhas e os movimentos de terras e queda de blocos.

Alguns destes elementos da geodiversidade têm um valor científico, educativo, estético ou cultural que os tornam únicos e que, por isso, devem ser conservados. É o que se convencionou chamar de património geológico, parte indissociável da riqueza natural do PNPG.