O Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês, apoiou na elaboração de candidaturas ao Aviso n.º 14358/2022 do Fundo Ambiental, que abriu em 2022, que se destinavam ao apoio financeiro a projetos que visassem a prevenção e o controlo de espécies exóticas invasoras lenhosas e da regeneração natural de espécies do género Eucalyptus spp.
As candidaturas aos associados Campo do Gerês, Rio Caldo e Vilar da Veiga, bem como a candidatura da Comunidade Local dos Baldios de Cela e Sirvozelo, tiveram como objetivo atuar no controlo de invasoras lenhosas, em núcleos ou em exemplares isolados, através de controlo químico.
As espécies controladas foram a Acacia dealbata (mimosa) e a Acacia melanoxylon (austrália), com um conjunto de metodologias adequadas a cada núcleo. Os métodos utilizados foram os de aplicação de entalhes e aplicação de fitocida, o corte e pincelamento com fitocida, a pulverização, o arranque e o controlo motomanual.
Consideramos a candidatura como uma parte dum processo de continuidade temporal, culminando com a reconversão das áreas ocupadas com invasoras em povoamentos autóctones, seja por intermédio de ações de rearborização, ou condução dos exemplares autóctones existentes.
As ações por comunidade local foram:
Área com cerca de 6,57 hectares, está ocupada por Acacia dealbata (mimosa), decorrente de regeneração pós incêndio rural, ou seja, é de esperar muita regeneração por via seminal. Tem densidades muito elevadas, com idades normalmente inferiores a 10 anos, diâmetros normalmente abaixo dos 5 a 7,5 cm, e alturas médias entre os 4 e os 6 metros. Esta área é constituída por 2 pequenos núcleos com cerca de 0,5 hectares cada um, e um povoamento já estabelecido com cerca de 5,5 hectares. De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida maioritariamente em áreas com perigosidade alta de incêndio rural.
Área com cerca de 2,68 hectares, é atualmente ocupada por Acacia dealbata (mimosa) decorrente de corte, o que originou a regeneração por toiça, raiz e semente. As suas densidades são superiores às 10.000 árvores por hectare, com idades normalmente inferiores a 5 anos, diâmetros normalmente abaixo dos 3 a 5 cm, e alturas médias entre os 1,5 e os 3 metros. Esta área representa uma enorme importância dada a sua localização junto a um plano de água e junto a uma área que foi sujeita a corte final, e que agora começa a regenerar os exemplares de pinheiro bravo. De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida maioritariamente em áreas com perigosidade alta de incêndio rural, e parcialmente em área de perigosidade muito alta de incêndio rural.
Área com cerca de 1,07 hectares, está ocupada por Acacia dealbata (mimosa) e Acacia melanoxlylon (austrália), localizada mais a Sudoeste do baldio, junto a uma casa de Guarda Florestal. Tem normalmente densidades superiores às 15.000 árvores por hectare, com idades normalmente inferiores a 15-20 anos, diâmetros normalmente abaixo dos 15 cm, e alturas médias entre os 6 e os 10 metros. De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida maioritariamente em áreas com perigosidade média de incêndio rural, e parcialmente em área de perigosidade alta de incêndio rural.
Área composta por 3 locais a intervir, em que dois locais se localizam junto a uma estrada nacional, e um outro está localizado numa área interior do baldio sem acessibilidade. A vegetação é normalmente densa e alta (alturas superiores a 1,5 metros) e verifica-se a presença de alguma pedregosidade. Verifica-se a presença de exemplares de Acacia dealbata (mimosa) localizados em grupos ou isoladamente, com densidades, alturas e diâmetros variáveis, sendo que no local mais isolado a densidade e a dimensão são normalmente superiores aos outros dois locais.
De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), os dois núcleos mais a Norte estão inseridos em áreas com perigosidade alta e muito alta de incêndio rural, enquanto o núcleo mais a Sul está inserida em áreas com perigosidade média de incêndio rural.
Área ocupada por exemplares adultos de Acacia melanoxlylon (austrália), nos quais já se iniciaram processos de controlo, nomeadamente o corte e pincelamento. Está localizada num local apenas acessível a pé, num local relativamente plano vegetação normalmente densa e alta (alturas superiores a 1,5 metros) e com alguma pedregosidade. Os exemplares adultos são de porte arbóreo, com mais de 15 metros de altura e 20 de diâmetro, embora se encontrem vários exemplares jovens, com alturas inferiores a 1,50 metros, provenientes de propagação seminal.
De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida em áreas com perigosidade alta de incêndio rural.
Área composta por exemplares de Acacia dealbata (mimosa) localizados na galeria ripícola da linha de água eventual existente. Verifica-se a presença de exemplares adultos, com alturas superiores a 12 metros e diâmetros superiores a 7,5 cm, bem como exemplares que regeneraram via seminal e possuem dimensões inferiores a 10 cm. O acesso é via pedonal e dado que a linha de água se encontra seca, o acesso pode ser garantido por essa via, evitando assim a acessibilidade lateral, onde existe uma densa vegetação natural, que dificulta o acesso.
De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida em áreas com perigosidade elevada de incêndio rural.
Área intervencionada em 2021, onde atualmente se verifica a regeneração seminal e alguma regeneração radicular de Acacia dealbata (mimosa). Os exemplares têm menos de 5-10 cm, estão localizados numa encosta voltada a Sul com relativamente bons acessos.
De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida em áreas com perigosidade média de incêndio rural.
Área composta por 3 locais a intervir, localizados numa encosta voltada a Oeste, com declives normalmente superiores a 25%, vegetação densa e alta (alturas superiores a 1,5 metros) e com alguma pedregosidade. É composta por medronheiro e pinheiro, contendo em quantidade significativa as espécies de Acacia dealbata (mimosa) e Acacia melanoxlylon, localizadas em grupos ou isoladamente, com densidades, alturas e diâmetros variáveis, sendo que no local mais a Norte, e junto ao caminho florestal do local com maior dimensão verifica-se uma maior densidade das espécies invasoras, bem como com uma maior dimensão.
Tem-se verificado um aumento da área ocupada por acácias e austrálias, em detrimento de medronheiro e de pinheiro bravo, verificando-se uma elevada perda de biodiversidade anual pelo aumento de exemplares isolados por toda a área, bem como pelo aumento da dimensão dos núcleos de invasoras.
De acordo com a cartografia do ICNF, I.P. (2022), esta área encontra-se inserida em áreas com perigosidade alta de incêndio rural.
Pretende-se efetuar controlo químico dos núcleos de invasoras, através da aplicação de pequenos entalhes, com cerca de 3-5 cm de profundidade, a um ângulo aproximado de 45º em relação ao solo, e a uma altura de cerca de 1 metro do solo. Deverão ter uma densidade que ocupe todo o tronco, em forma helicoidal. Após a aplicação dos entalhes, deverá ser feita a pulverização com produto fitofarmacêutico adequado, homologado pela DGAV, e aplicado de acordo com a legislação em vigor para essa matéria. Prevê-se um espaço temporal entre setembro e novembro de 2022 para execução deste trabalho.
O trabalho será feito de maneira manual, através da localização dos núcleos e árvores isoladas e posterior aplicação do processo acima descrito.
No ano subsequente será feito o corte dos exemplares exóticos invasores mortos, com reforço com aplicação de herbicida, pretendendo que as espécies autóctones circundantes tomem conta das áreas intervencionadas.